Com mais de 90% da matriz elétrica proveniente de fontes renováveis, como hidrelétricas, eólica e solar, o Brasil vai propor durante a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), que será realizada em novembro, em Belém (PA), que os demais países firmem um compromisso de aumentar em 4 vezes o uso de combustíveis sustentáveis. Foi o que afirmou Mariana Espécie, assessora especial do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, durante o programa Estúdio COP 30, transmitido pelo Canal Gov, da Empresa Brasil de Comunicação (EBC).
Como o país que está hospedando a COP30, a gente quer fazer essa provocação para os demais países. A nossa experiência nos credencia para falar isso para o mundo e é um compromisso voluntário. Em Belém, o Brasil estará convidando o mundo a quadruplicar o uso de combustíveis sustentáveis”, disse a assessora
O compromisso voluntário vem baseado no acordo fechado entre os países durante a COP 28, realizada em 2023 em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos: realizar uma transição para o fim do uso de combustíveis fósseis, como petróleo e carvão e gás mineral, até 2050, buscando acelerar o uso de energias renováveis.
A chamada transição energética é fundamental para reduzir as emissões de gases que provocam o feito estufa e, consequentemente, o aquecimento do planeta. Mariana Espécie afirmou que o Brasil é exemplo nesta substituição, investindo em novas tecnologias.
“A gente está falando principalmente de biocombustíveis e de hidrogênio de baixa emissão, que são duas soluções que a gente vai precisar muito para esse futuro da transição energética acontecer na velocidade e ritmo que precisa ser feito”, explicou.
50 anos de etanol
Como exemplo, a assessora explicou que a experiência do Brasil em biocombustíveis vai completar 50 anos justamente durante a COP 30.
“A gente teve iniciado ali na década de 1970 uma trajetória com os biocombustíveis começando a serem internalizados na nossa matriz energética, e o que isso proporciona para a gente hoje? A gente substitui gradualmente o uso de petróleo em várias formas de combustíveis, principalmente no segmento de transporte, mas também temos algumas usinas térmicas, por exemplo, que usam bioenergia como insumo para aquecer as caldeiras e gerar eletricidade”.
A partir disso que o Brasil vem construindo há 50 anos, e nós estaremos lá em Belém celebrando essa data, porque foi no dia 14 de novembro de 1975 que a gente começou essa nossa trajetória com o etanol, e que serve como referência para o mundo, inspirou países, principalmente desenvolvidos, como é o caso dos Estados Unidos também, a adotarem o etanol como combustível em várias finalidades”, disse
Ela também citou o aumento, a partir de agosto deste ano, do percentual de etanol na gasolina de 27% para 30%, e de biodiesel no diesel de 10% para 15%.
Outra ação foi a sanção da Lei do Combustível do Futuro, no ano passado, que prevê que a mistura de biodiesel ao óleo diesel deverá alcançar 20% até 2030. A lei também cria programas nacionais de diesel verde, de combustível sustentável para aviação e de biometano, além de aumentar a mistura de etanol à gasolina. Também institui o marco regulatório para a captura e a estocagem de carbono e destrava investimentos que somam R$ 260 bilhões, criando oportunidades que aliam desenvolvimento econômico com geração de empregos e respeito ao meio ambiente
Nós estamos caminhando para um futuro cada vez mais sustentável e renovável no Brasil. Nós já temos leilões programados para entregar mais energia renovável para o nosso país até 2030, mais linhas de transmissão, mais combustíveis sustentáveis, biocombustíveis, com biogás, biometano, SAF (Combustível de Aviação Sustentável), combustíveis marítimos”, afirmou a assessora
Financiamento
Para Mariana Espécie, o setor privado deve auxiliar no financiamento de pesquisas, análises e investimentos em novas tecnologias para auxiliar na transição energética. No Brasil, ela citou também o investimento público, como os financiamentos realizados via BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Para a assessora, todos os investimentos em novas tecnologias devem ter como preocupação o impacto aos consumidores.
“Normalmente a nossa escolha é pela solução que tem o menor custo, porque no final das contas, vai impactar o bolso do consumidor. E hoje essas soluções já são competitivas o suficiente para entregar energia barata para todas as brasileiras e brasileiras”.
“Não podemos esquecer que o Brasil é uma economia emergente, temos condições socioeconômicas muito específicas e que qualquer impacto tem um peso diretamente no orçamento das famílias, e isso precisa ser devidamente considerado também”, explicou.
A íntegra da entrevista pode ser vista aqui:
Eduardo Biagini – Agência Gov